A crença impede a verdadeira compreensão
J. Krishnamurti, The Book of LifeSe não tivéssemos crença, o que nos aconteceria? Não teríamos muito medo do que pudesse acontecer? Se não tivéssemos nenhum padrão de ação, baseado em uma ideia – de Deus, ou de comunismo, ou de socialismo, ou de imperialismo, ou em algum tipo de fórmula religiosa, algum dogma em que estivéssemos condicionados – nos sentiríamos completamente perdidos, não é? E a aceitação de uma crença não é o esconderijo desse medo – o medo de, realmente, nada ser, de estar vazio? Afinal, uma xícara só é útil quando está vazia; e uma mente que está cheia de crenças, dogmas, afirmações, citações, é, realmente, uma mente não criativa; ela é apenas uma mente repetitiva. Para fugir desse medo – esse medo do vazio, esse medo da solidão, da estagnação, de não conseguir, não ter sucesso, não chegar, não ser alguma coisa, não se tornar alguma coisa – é certamente uma das razões por que aceitamos crenças tão ávida e sofregamente? E, através da crença, compreendemos a nós mesmos? Ao contrário. Uma crença, religiosa ou política, obviamente impede a compreensão de nós mesmos. Ela atua como uma tela através da qual nos olhamos. E podemos nos olhar sem crenças? Se removemos tais crenças, as muitas crenças que a pessoa tem, há alguma coisa mais para olhar? Se não temos crenças com as quais a mente se identifica, então a mente, sem identificação, é capaz de olhar para si mesma como ela é; e então, certamente há o início da compreensão de si mesmo.